terça-feira, 28 de maio de 2013

DOENÇA DE KAWASAKI

Os Pais devem tomar consciência desta doença infantil, porque o tratamento feito a tempo pode evitar complicações cardíacas graves. Na primeira metade do século vinte, a doença que atacava mais o coração era febre reumática. As suas complicações cardíacas grassaram no mundo ocidental, mas pouco a pouco foi ficando controlada, ao descobrir-se e dominar-se a infecção que está na sua origem. Actualmente é uma doença rara entre nós. Hoje é a doença de Kawasaki, descoberta no Japão nos anos 60, que nos países desenvolvidos, começa a ser a principal causa de doença cardíaca que pode afectar uma criança saudável, sobretudo crianças abaixo dos 5 anos. E em Portugal pode afectar 5/100.000 crianças nesta idade, mas este número pode estar sub-estimado. A causa não se conhece ainda, mas parece ser infecciosa talvez viral, e uma criança na primeira infância, saudável, começa com febre e sintomas respiratórios, tipo constipação, com tosse e secreções nasais. A FEBRE, 38 ou mais graus, é obrigatória nesta doença, e não desaparece mesmo que ao fim de 4 ou cinco dias a criança já esteja a tomar antibiótico. Entretanto aparecem manchas na pele pelo corpo, os pés e as mãos ficam inchados, os olhos ficam vermelhos e inflamados, mas sem secreção, os lábios gretam, e a língua fica tipo framboesa. A criança mostra sinais de doença e fica muito irritada, surgindo também outro sinal importante que é um caroço, gânglio aumentado e doloroso no pescoço, em geral só num lado. Estas são as manifestações típicas que aparecem na primeira semana da doença de Kawasaki, e com estes dados evidentes não é difícil fazer-se o diagnóstico. No entanto, há formas incompletas, em que faltam alguns deste sinais, e o diagnóstico torna-se mais confuso. É que o diagnóstico é só clínico, não existe nenhum teste laboratorial definitivo, só existem testes orientadores ou de suspeita. Por isso há crianças que começam o tratamento só com base na suspeita, o que é defensável, porque se as complicações cardíacas surgem, já não se podem evitar. O diagnóstico deve ser feito na primeira semana, idealmente ao 7º, 8º dia desde o início da febre, porque é nesta fase que o tratamento é mais eficaz. Tratamentos muito precoces podem não ser tão eficazes, pelo que os Pais devem chamar a si a maior serenidade possível e colaborarem com o pessoal de saúde. A criança tem que ficar internada para fazer o tratamento que consiste numa dose de gamaglobulina injectada na veia durante 8 a 12 horas, e aspirina em dose alta. Rapidamente todos os sintomas desaparecem e a criança melhora, ficando bem disposta. Raras crianças têm que fazer outra dose de gamaglobulina porque não melhoram, sobretudo a febre não cede completamente. Não é habitual este tratamento dar complicações. Sem tratamento, cerca de 25% das crianças irão ter lesões cardíacas, mas com o tratamento descrito esta probabilidade reduz-se drasticamente. As complicações mais temíveis são as lesões das artérias coronárias, vasos que irrigam o coração, e que surgem na segunda ou terceira semana da doença. Surgem dilatações ou mesmo aneurismas, que se forem grandes vão ficar para a vida toda, e exigem um acompanhamento e tratamento especializado. Na segunda ou terceira semana de doença surge também descamação das mãos e dos pés, caindo a pele em placas, mas este é um sinal tardio e não conta para se fazer o diagnóstico, só para se confirmar. Em resumo, a doença de Kawasaki é uma doença séria e os pais devem conhecer os seus sinais: Febre com 5 dias Manchas no corpo Pés ou mãos inchadas Olhos vermelhos, lábios inflamados e gretados, boca e língua vermelha Gânglio grande num dos lados do pescoço Além da febre, não são obrigatórios todos estes sinais para se fazer ou suspeitar do diagnóstico. Se a febre persistir ao 5º dia, os Pais devem levar a criança a um serviço de urgência, mesmo que ela já tenha sido vista por um ou mais médicos e esteja a ser medicada. É que os sinais que dão o diagnóstico mais correcto, só então começam a surgir. Se for feito o diagnóstico de doença de Kawasaki, a preocupação dos pais é mais que legítima, mas devem também ter a noção tranquilizadora de que se o tratamento for feito nessa primeira semana, a criança fica bem de um dia para o outro, e fora de perigo, voltando a ser uma criança saudável.  


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