terça-feira, 10 de agosto de 2010

"BOLA DE GOLFE" NO CORAÇÃO

Muitas mães ficam preocupadas porque o seu bebé tem uma "bola de golfe" “golf ball” em inglês, ou uma imagem hiperecogénica, no coração.
Este é um achado frequente no ecocardiograma fetal.


Podemos considerar dois aspectos ao falarmos da importância das “golf ball”.


Em termos cardíacos, estas formações não têm nenhuma importância, nem são nenhuma malformação. São um achado NORMAL.
Podendo existir uma ou mais “bolas”, mais frequentemente são observadas no ventrículo esquerdo, mas também no direito.
A formação mais tardia do interior do coração, na zona dos ventrículos, ocorre sobretudo por um processo activo de “escavação” e modelação, dependente sobretudo da corrente sanguínea. Pelas 18, 20 semanas de gestação, notam-se pequenas estruturas musculares alongadas, que atravessam o interior dos ventrículos, e que, ao serem fotografadas de topo, surgem como uma pequena e branca bola, as chamadas “bolas de golf”. As bolas de golfe cardíacas não são calcificações, e com o passar dos anos, estas estruturas esbatem-se e muitas desaparecem, mas são um achado normal. O local de inserção das cordas da válvula mitral nos músculos papilares também dá muitas vezes este aspecto de densidade aos ultrasons, o que também é um achado normal.


Tudo funciona perfeitamente com ou sem bolas de golf.


Em termos genéricos já têm outro significado, pois há estudos que associam as “golf ball” a alterações cromossómicas no bebé, nomeadamente trisomia 21 (ou síndrome de Down)


Neste caso, temos que considerar duas situações:

1 – Se a gravidez decorre na normalidade, sem outros marcadores positivos que levantem suspeitas, então não há motivo para preocupação. Este “marcador cardíaco” isolado não tem significado, e o risco é o da população em geral, cerca de 0,1%. Há autores que apontam esse risco como sendo de 1%.


2 – Se existem outros marcadores associados, nomeadamente achados na ecografia das 11-13 semanas, sobretudo a translucência da nuca aumentada, rastreio bioquímico alterado, idade materna avançada, é aconselhável fazer-se amniocentese para excluir alterações nos cromossomas do bebé.


A amniocentese é uma manobra que, feita por médicos experientes, tem um risco muito baixo, praticamente nulo, e para os pais, tem a vantagem não só, de excluir doença nos cromossomas, mas também acabar com a ansiedade gerada por estas situações.
Existem actualmente outros métodos mais cómodos para excluir as principais anomalias cromossómicas no bebé, estudando o DNA fetal no sangue da mãe. Estes métodos têm uma acuidade bastante alta, mas só a amniocentese oferece uma segurança diagnóstica total. 

Conclusão
As "bolas de golfe" têm um aspecto e localização muito típicos, são benignas, fazem parte da formação normal do coração e são relativamente fáceis de diagnosticar.
No entanto, há anomalias cardíacas que podem, numa fase inicial, simular as "bolas de golfe", pelo que o estudo por ecocardiograma fetal se torna importante, para afastar estas situações mais preocupantes, e descansar os Pais!













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